quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Descanso

Não posso falar isso sem machucar, tem que doer além da sua pele que veste como se fosse um manto que te guardasse das guerras lá fora
 quando não guarda, não agora.
 Eu queria poder calçar tuas botas de combate e vencer cada batalha por você. Eu queria atravessar o mar vermelho tão vivo na tua íris e te falar da paz que se adormece em olhos gentis. Eu queria poder te salvar desse temporal e te abraçar como se nada fosse grande demais para destruir-te porque eu quero que você se levante outra vez, e outra vez e outra. Quero ver você de um jeito mais leve porque você merece, você merece silêncios calmos te tirando desse choro de desespero. Quando a minha fé se proclama nos seus lábios e você diz que é amor, é amor e cuidado celeste, mas é mais, é sempre muito mais do que isso. Eu tô te abraçando mesmo que do outro lado do planeta, mesmo que as nossas casas mudem segundo a posição do sol, mesmo que o equador talvez nos separe, e o meridiano de Greenwich nos condene. São 02:32am e eu ainda sim sinto o seu sono nos meus olhos. Descansa em mim porque eu não desejo mais te ver sempre caindo. Repousa o peso do seu mundo no meu que eu te levo feito um pedaço do céu. Em tudo o que eu sou. Eu te guardo.

domingo, 13 de novembro de 2016

Metáfora

Não há nada de mais em admitir que o amor é uma ilusão. A vida é uma existência finita, limitada e falha, todas as possibilidades que surgirem dentro dessa existência também serão assim. Não é cruel aceitar que o amor não é perfeito, que no meio do caminho ele pode acabar e que às coisas podem ser diferentes do que imaginamos inicialmente. Não é tolice conviver com a idéia de que amamos projeções, você não é menos sentimental só porque usa a racionalidade para entender o que sente. Tolice é romantizar o amor, transformá-lo em uma criatura incorruptível, que está acima de qualquer condição universal. O amor não decepciona, a forma como você o encara sim. O que machuca é a não aceitação da ilusão, a utopia de que tudo pode ser eterno, as expectativas que sua vontade cria. O amor não nos torna perfeitos, não nos liberta do acaso, nem tampouco nos livra das insatisfações existenciais. Por isso, saia deste mundinho que Paramount criou, esqueça às tolas divagações da pós-modernidade. Amor e felicidade não são sensações interdependentes. Amor romântico é tragédia, loucura e precipício.