quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
Epopéia
A madrugada silencia tudo que o dia grita lá fora, e escancara todo o barulho que carrego aqui dentro. E quando tudo me cala, eu escrevo.
Os anos se passaram, o coração enferrujou mas também está mais maduro. A maçaneta da porta não abre para qualquer um entrar. As estruturas podem estar fracas, mas não ao ponto de correr para qualquer lugar. O peito quer a calmaria de um romance, mas a mente teme os ferimentos. Mas sabe, não adianta idealizar um amor que não existe, o outro não vai suprir todas as nossas expectativas e nem nunca nos magoar, seria irreal. O amor real é difícil, não ao ponto de te ferir demais, mas ao ponto de te fazer questionar. Eu já me esforcei muito por isso e eu tenho certeza que o céu é a maior testemunha do quanto eu tentei, e do quanto eu quis que desse certo. Mas apesar dos pesares, hoje eu vivo bem com o pouco que tenho. A gente tem mania de ter a sensação de que sempre parece que está faltando alguma coisa, sendo que, na verdade, a gente já tem tudo que precisamos — ou talvez o suficiente. Pode não ser em grandes quantidades, pode não ser um luxo, um grande amor, mas o simples e o necessário a gente tem.
São os detalhes que enriquecem a vida. E ainda bem que existem as manhãs, os finais de tarde quando todos os pássaros voltam para os seus ninhos. Quando o laranja do céu dá lugar as estrelas, quando a chuva cai, e até o caos da cidade. E por poder transformar tudo isso em poesia.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário