domingo, 17 de julho de 2016

Obscuro

Eis aqui solitária. Maria abandonada, perdida, desiludida, a procura da rota, uma placa na estrada que diga: siga. Caminha descalça, corte nos pés, mas a ferida é na alma. À floresta é escura, à noite fria, lobos estão à solta, confesso, sinto medo, porém nada comparável à dor que me causara. Seres sobrenaturais, dizem estar por perto, ouça, barulho nas árvores, será lenda? Amor deve ser uma lenda. Lendas será mentiras? Mentira é enganar o coração de alguém. Cicatrizes de peito fechado, palavras mais afiadas que espadas. Guerreiro, onde está minha hombridade que tu a levara? Preciso cingir-me novamente. Tal dor é latente. Eis me aqui despida, sem força e esperança, calejada pelos tombos da caminhada. Confiei, lhe dei minha mão para andar lado a lado, ser poesia e canção, mas teu desejo era me jogar do penhasco novamente. Seu desejo era rir. Me vejo caída, levante-se, Maria. Limpe o rosto, veja seu reflexo nas águas do rio, levante à cabeça, te veste da força interior, a estrada é longa. Sabes que a jornada nunca foi fácil, nunca há de ser. Assim rasgada, ferida, andando pela escuridão, tropeçando nas pedras, siga. Acene para os transportes, encontre uma bússola ou mapa. Terá sempre uma luz no final da estrada, sozinha ou acompanhada, teu caminho acharás.

Nenhum comentário:

Postar um comentário