quinta-feira, 23 de abril de 2020

Edificar

Assim quando começo um texto, meu amor está em construção. Construção firme e sólida, pondo vigas e tijolos para que nenhum vendaval possa derrubar. É clichê relatar, mas já vivi amores de plástico, tão rasos quanto a beira da praia onde só queremos molhar os pés. Ou, como a criança, que brinca ali só para aproveitar, mas tem medo de se afogar. É que na verdade todo mundo tem medo do profundo oceano e dos mistérios que o escondem. Mergulhar é para corajosos. Assim como o amor, só se entrega de verdade quem tem certeza que ser plural é melhor que singular. Que pro sujeito e verbo estarem alinhados precisa haver concordância. Amor é construção. Sei que futuros são incertos e dentro dessa caixa existem milhões de possibilidades. Mas amar não é uma aposta, nem arrisco. Amar não dá tempo para "SE" porque é um verbo transitivo direto que só pode ser conjugado no futuro. Amar é certeza. Redundante na fala da autora, amar é construir. Dá trabalho, leva tempo, tem que ser planejado e usar as ferramentas corretas, e é exatamente isso que quero construir ao lado de alguém.

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