segunda-feira, 20 de março de 2017

Latejo

Superar um relacionamento dói. Superar um grande amor dói muito mais. E como dói. Você tem que encarar os dias como se nada daquilo tivesse existido. Tem que explicar para o seu cérebro que aquela adrenalina foi interrompida da sua rotina fugaz. Tem que tentar enganar o coração para que ele não se exprima tanto dentro de si, para que aquele aperto que sufoca não te torture durante o dia te fazendo se sentir vazio. Mas do nada, você se pega olhando para o nada, observando o céu ou as pessoas transitarem pelas ruas, seu inconsciente associado a figura do ser amado te leva para longe e inconscientemente lágrimas involuntárias escorrem pelo seu rosto. Você se lembra dos momentos, das palavras, do cheiro, do quanto ela te fez rir e de tudo que aquela pessoa representou para ti um dia. E dói, quando bate a decepção de imaginar o imaginável, que aquela mesma pessoa jamais deixaria buracos de tão grande dimensão no seu ser e perguntas que jamais serão respondidas. O pior é que tudo te remete aquela pessoa; um lugar, uma frase, um instante, uma música. Não porque você quer que seja assim, mas simplesmente porque ela ainda está ali, dentro de você. E dói, olhar a realidade e ver tudo que se tornou. Que aquilo que era seu não mais é. E você tende apenas que se acostumar com a ausência, o silêncio, controlar as lágrimas, e repetir para si mesmo todas as vezes que a dor invadir o peito. "Vai passar".

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